terça-feira, 18 de agosto de 2015

Geração Smart-Burra


Baseada na recente Redação para a prova do Reda.

''Texto motivador: Um dos principais dilemas da educação contemporânea é aquele que gira em torno da permanência dos alunos do ciclo médio nos bancos escolares. Atraídos pelo número de estimulos e pela velocidade da sociedade, a escola lhes parece enfadonha. No entanto, muito do que lhes parece fora de propósito nessa fase- experiências, relações, conhecimentos- só irá adquirir significado ao longo do tempo. Muitas vezes acaba por não fazer, por diversos motivos, o abandono da escola.

Proposta de Redação: Muitos acreditam que a escola não tem avançado no mesmo nível da tecnologia. Com base no fragmento acima, produza um texto argumentativo enumerando as razões de a escola não ter evoluído no mesmo ritmo da revolução tecnologica. Justifique seu posicionamento.''

Numa aula de Literatura, após o professor ter pedido para citarmos nossas referências literárias,  citei o site ''TV Tropes.com'' como uma referência importante para mim, aonde aprendi muito sobre cultura e li sobre várias obras que de outra maneira não conheceria. Ele simplesmente descartou o material, construído colaborativamente com padrões iguais ou superiores aos da Wikipédia, como ''Mc Cultura''- algo que por mais ''divertido'' ou curioso que pudesse ser, jamais poderia ser ombreado com a ''genuína'' cultura, presumivelmente composta por autores citados e tarimbados da mídia impressa tradicional.

Isso é o que ainda ocorre no local aonde os educadores são formados; ainda há um discurso de que é preciso se adaptar a nova cultura e a nova mentalidade dos jovens, mas, na prática, está ocorrendo um choque de paradigmas entre os antigos mestres que não os entendem, e os novos, que entendem ainda menos. A era do ''smart-tudo'' separa ainda mais os novos professores de seus alunos do que a digitalização e Internet os separavam, quando alunos, de seus pais e formadores. Hoje em dia, sempre conectados, os novos alunos podem ter acesso a todo tipo de conhecimentos, bons ou não, sem precisarem ''pedir licença'' a qualquer autoridade que se imponha como detentora do real conhecimento.

Por outro lado, essa é também uma geração ''smart-burra'', conectada através de aparelhos a vários outros aparelhos e todo tipo de coisas, e por isso, ao mesmo tempo, não verdadeiramente conectada a coisa alguma. Nesse contexto, um professor que se renda ao equivalente pedagógico do slogan ''não um chefe, mas sim um facilitador '', poderá se ver sem qualquer resquício de comando de sala, ao custo da própria credibilidade profissional. A escola ainda não se adaptou a essa questão, por que este não é um problema, mas de fato dois: formadores da era analógica que não conseguiram acompanhar seus alunos digitais; e novos professores crescidos sob a conexão discada e começos da banda larga que não conseguem sequer fingir que controlam seus alunos 4G, e terão de aprender a negociar essa nova realidade sob uma extenuante prática.