sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Tradução- Making an Argument- por J.H Gardiner.

O original, formatado para propósitos  de leitura, segue acima, em itálico. As traduções vão logo abaixo, em letras normais. Boa leitura!
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

''J.H. GARDINER
THE MAKING OF ARGUMENTS
CHAPTER I
WHAT WE ARGUE ABOUT, AND WHY

1. What Argument is. When we argue we write or speak with an active purpose of making other people take our view of a case; that is the only essential difference between argument and other modes of writing. Between exposition and argument there is no certain line. In Professor Lamont's excellent little book, "Specimens of Exposition," there are two examples which might be used in this book as examples of argument; in one of them, Huxley's essay on "The Physical Basis of Life," Huxley himself toward the end uses the words, "as I have endeavored to prove to you"; and Matthew Arnold's essay on "Wordsworth" is an elaborate effort to prove that Wordsworth is the greatest English poet after Shakespeare and Milton.''

O FAZIMENTO* DA ARGUMENTAÇÃO
CAPÍTULO I
PELO QUE DEBATEMOS, SOBRE E PORQUE

 1. O que é a argumentação. Quando debatemos nós escrevemos ou falamos com o propósito ativo de fazer
outras pessoas tomarem nossa visão de um caso; essa é a única diferença essencial entre argumentação e outro modo de escrita. Entre exposição e argumento não há uma linha definida. No excelente pequeno livro do professor Lamont, ''Espécimes em Exposição'', há dois exemplos que poderiam ser usados nesta obra como exemplos de argumentação: num deles, o ensaio de Huxley sobre a ''Base Física da Vida'', o próprio Huxley próximo ao fim usa as palavras, ''como eu tenho me esforçado para lhe provar'', e no ensaio de Matthew Arnold sobre Wordsworth, há um elaborado esforço para provar que Wordsworth é o maior poeta inglês após Shakespeare e Milton.
-*Traduzi ''Making'' por ''Fazimento'', nessa parte, por achar que soaria melhor para o sentido de criação ativa e contínua do que a palavra ''Criação'', que soa como algo mais definitivo e acabado.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------''Or, to take quite different examples, in any question of law where judges of the court disagree, as in the Income Tax Case, or in the Insular cases which decided the status of Porto Rico and the Philippines, both the majority opinion and the dissenting opinions of the judges are argumentative in form; though the majority opinion, at any rate, is in theory an exposition of the law.

Ou, para tomar exemplos bem diferentes, em qualquer questão legal na qual os juízes da corte discordem, como no caso do Imposto de Renda, ou nos casos insulares que decidiram o status de Porto Rico e das Filipinas, tanto a opinião da maioria como as opiniões discordantes dos juízes são argumentativas em forma; apesar da opinião da maioria, de qualquer maneira, ser em teoria uma exposição da lei.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------

The real difference between argument and exposition lies in the difference of attitude toward the subject in hand: when we are explaining we tacitly assume that there is only one view to be taken of the subject; when we argue we recognize that other people look on it differently. And the differences in form are only those which are necessary to throw the critical points of an argument into high relief and to warm the feelings of the readers.''

 A verdadeira diferença entre argumentação e exposição se encontra na diferença entre a atitude em relação ao assunto em mãos: quando estamos explicando nós tacitamente assumimos na diferença de atitude em relação ao assunto; quando debatemos nós reconhecemos que outras pessoas o veem diferentemente. E as diferenças de forma são apenas aquelas necessárias para pôr pontos críticos de um argumento em alto relevo e aquecer os sentimentos dos leitores.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
''2. Conviction and Persuasion. This active purpose of making other people take your view of the case in hand, then, is the distinguishingessence of argument. To accomplish this purpose you have two tools orweapons, or perhaps one should say two sides to the same weapon, conviction and persuasion. In an argument you aim in the first place to make clear to your audience that your view of the case is the truer or sounder, or your proposal the more expedient; and in most arguments you aim also so to touch the practical or moral feelings of your readers as to make themmore or less warm partisans of your view.''

2. Convencimento e Persuasão. O propósito ativo de fazer outras pessoas tomarem seu ponto de vista no caso em questão, então, é essência distintiva da argumentação. Para atingir esse propósito você possui duas ferramentas ou armas, ou talvez possa-se dizer dois lados da mesma arma, convencimento e persuasão. Numa argumentação você busca em primeiro lugar tornar claro para sua audiência que seu ponto de vista do caso é mais verdadeiro ou sólido, o que sua proposta é mais expediente; e na maioria dos argumentos você busca também tocar os sentimentos práticos ou morais de seus leitores para torná-lo partidários mais ou menos ardentes de seu ponto de vista.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

''If you are trying to make some one see that the shape of the hills in New Englandis due to glacial action, you never think of his feelings; here any attempt at persuading him, as distinguished from convincing him, would be an impertinence. On the other hand, it would be a waste of breath to convince a man that the rascals ought to be turned out, if he will noton election day take the trouble to go out and vote; unless you have effectively stirred his feelings as well as convinced his reason youhave gained nothing. In the latter case your argument would be almost wholly a matter of convincing.''

Se você está tentando fazer alguém perceber que o formato das colinas da Nova Inglaterra se deve a ação glacial, você jamais pensa sobre seus sentimentos; aqui não há qualquer tentativa de persuadi-lo, e isso seria uma impertinência. Por outro lado, seria um desperdício de palavras convencer um homem que os safados deveriam ser removidos do poder, se ele não se importaria de sair para votar no dia da eleição*; a menos que você tenha efetivamente agitado seus sentimentos assim como convencido sua razão você não ganhou nada. No último caso a argumentação se trata quase que totalmente de uma questão de convencimento.

-* No contexto dos Estados Unidos, cabe não esquecer que as eleições são um evento de participação não obrigatória, com um absenteísmo eleitoral relativamente alto.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

''These two sides of argument correspond to two great faculties of the human mind, thought and feeling, and to the two ways in which, under the guidance of thought and feeling, mankind reacts to experience. As we pass through life our actions and our interest in the people and things we meet are fixed in the first place by the spontaneous movements of feeling, and in the second place, and constantly more so as we growolder, by our reasoning powers. ''

Esses dois lados da argumentação correspondem a duas grandes faculdades da mente humana, pensamento e sentimento, e as duas maneiras pelas quais, sob orientação do pensamento e do sentimento, a humanidade reage as experiências. Enquanto passamos pela vida nossas ações e nosso interesse nas pessoas e nas coisas que encontramos são em primeiro lugar fixados pelos movimentos espontâneos do sentimento, e em segundo lugar, pelos nossos poderes de raciocínio.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

''Even the most intentionally dry of philosophers has his prejudices, perhaps against competitive sports oragainst efficiency as a chief test of good citizenship; and after childhood the most wayward of artists has some general principles to guide him along his primrose path. The actions of all men are the resultant of these two forces of feeling and reason. Since in most cases where we are arguing we have an eye to influencing action, we must keep both the forces in mind as possible means to our end.''

Mesmo o mais intencionalmente seco dos filósofos tem seus preconceitos, talvez contra esportes de competição ou contra a eficiência como o fator principal de boa cidadania; e depois da infância mesmo o mais caprichoso dos artistas passa a possuir alguns princípios gerais para guiá-lo através de seu caminho nas prímulas*. As ações de todos os homens são resultantes dessas duas forças de sentimento e razão. Desde que na maioria dos casos quando estamos debatendo nós temos um olho na ação influenciadora, nós temos de manter as duas forças em mente como possíveis meios para nosso fim.

-*: primrose path: termo da língua inglesa que poderia ser traduzido como ''caminho nas flores'', modo de vida despreocupado mas com perigos no final; equivalente ao termo de inspiração bíblica 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

'' 3. Argument neither Contentiousness nor Dispute. Argument is not contentiousness, nor is it the good-natured and sociable disputation inwhich we occupy a good deal of time with our friends. The difference is that in neither contentiousness nor in kindly dispute do we expect, or intend, to get anywhere. There are many political speeches whose only object is to make things uncomfortable for the other side, and some speeches in college or school debates intended merely to trip up the other side; and neither type helps to clear up the subjects it deals with. ''

3. A Argumentação não é Contenciosidade nem Disputa. A argumentação não é contenciosidade, nem é uma amável e sociável disputa com a qual ocupamos uma boa quantidade de tempo com nossos amigos. A diferença é que nem na contenciosidade nem na disputa amigável nós esperamos, ou desejamos, chegar em lugar algum. Há muitos discursos políticos cujo único fim é tornar as coisas inconfortáveis para o outro lado, e alguns debates na faculdade e na escola realizados apenas com o propósito de *embaraçar o outro lado; e nenhum deles ajuda a esclarecer os assuntos com os quais lidam.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

'' On the other hand, we spend many a pleasant evening arguing whether science is more important in education than literature, or whether it is better to spend the summer at the seashore or in the mountains, or similar subjects, where we know that everybody will stand at the end just where he stood at the beginning. Here our real purpose is not to change any one's views so much as it is to exchange thoughts and likings with some one we know and care for. The purpose of argument, as we shall understand the word here, is to convince or persuade some one.''

Por outro lado, nós passamos muitas noites prazerosas debatendo sobre se a ciência é mais importante na educação que a literatura, ou se é melhor passar o verão a beira-mar ou nas montanhas, ou assuntos semelhantes, aonde sabemos que todos vão ser no final pelas mesmas coisas que eram no começo. Aqui nosso real propósito não é modificar o ponto de vista de alguém mais do que trocar pensamentos e opiniões com alguém que conhecemos e nos importamos. O propósito da argumentação, como passaremos a entender o termo aqui, é o de convencer ou persuadir alguma pessoa.
-*: As tradições diretas que encontrei mencionavam ''tropeçar'', ou ''fazer tropeçar.''
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Links utilizados:

http://www.gutenberg.org/ebooks/13089
http://www.wordreference.com/enpt/trip%20up
http://tradutor.babylon.com/ingles/ingles/trip%20up/
http://en.wikipedia.org/wiki/Voter_turnout
http://atragediadehamlet.blogspot.com.br/2011/03/ato-i-cena-3.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Primrose_path
http://www.straightdope.com/columns/read/1948/whats-the-origin-of-primrose-path